segunda-feira, 30 de junho de 2008

Mentiras sinceras me interessam

O pensador - Auguste Rodin

Há alguns dias Cazuza invadiu meu quarto com suas letras e canções, desequilibrando meus pensamentos. Aliás, pensar é algo tão fora de moda que já pode-se dizer que é démodé. Poucos pensam, isso é nítido, a grande maioria reproduz representações do pensamento aleio. Pensar dá trabalho é labor, é construir, desconstruir, reconstruir... requer tempo de ócio criativo. Alguém sabe na história da filosofia algum grande filósofo que acordava às 5:00 da manhã para trabalhar e voltava ao final do dia cheio de grandes pensamentos que revolucionaram a história da humanidade? O ritimo frenético da contemporaneidade, o excesso de informação , de afazeres são pratos perfeitos para o não pensar. Mas muitos podem dizer, principalmente os "intelectuários", - mesmo com tudo isso eu leio muito por isso eu penso... coitados lêem pensamentos dos outros. É óbvio que a leitura contribui para a ação do pensar, isso é indiscutível, no entanto é preciso um tempo pensando nas idéias do escritor, conectando com suas idéias, desequilibrando certezas, formando pontes dos pensares.
Uma certa feita em visita a um grande museu, ouvi um segurança comentando com outro sobre uma jovem, com ares tensos e triste, que passou 5 horas observando uma obra de Leonardo da Vinci, que com o passar do tempo eles começaram a desconfiar. Mas logo depois descobriram que se tratava de uma estudante de artes, filha de um rico empresário da industria têxtil. Bem, o fato dela ser rica não quer dizer que ela não roubaria o quadro, mas não seria admirável imaginar que a jovem estava ali em processo de construção, se comunicado com a obra de arte, pensando no significado de cada traço, cada linha, tom, matiz e etc. e que todo esse processo é complexo, sofrido e envolve tempo.
Há pouco tempo atrás li em um livro de um escritor britânico, que toda vez que ele terminava um livro ele sentia algo parecido com depressão pós-parto ou ressaca da braba. Por que será? Por que será que Rodin fez uma escultura de um homem triste, sentado, com a mão no queixo e chamou de "O Pensador"? Por que será que essas músicas de Cazuza nos faz pensar que felicidade não existe diante dos problemas do mundo que é tudo uma representação para causar bem estar? Por que será que mentiras sinceras nos interessam e nos faz felizes? Será que a gente pensa?

3 comentários:

Juliana Moura. ♥ disse...

Caramba Italiana, vc me deixou intrigada, e me fez pensar no meu pensar, será que eu to pensando, ou só tendo pensamentos? Pensar é diferente de ter pensamentos? Será que eu apenos penso sobre o pensamento alheio? dos autores, teóricos e etc...
Obrigado pelo post, me fez pensar sobre mim, sobre a vida, sobre verdades e mentiras, a música de Cazuza é linda, e intrigante.
Bjin

Paula Borges disse...

A idéia é essa jujuba pensar sobre o pensar e assim a gente vai pensando.
beijokinhas

Roselí Araújo disse...

Muito bom hein moça!!!
Ai, e agora, eu realmente gostei pq presuponho uma reflexão crítica e metodológica ou reproduzo pensar que seja?!
Aff. Gostei.