sexta-feira, 28 de março de 2008

Aniversário de 459 anos de Salvador

Salvador completa 459 anos, repleta de paisagens que mesclam o antigo com o novo que se deseja fazer. Ao olharmos a capital baiana de um ponto distante da Baía de Todos os Santos, percebemos as nuances do tempo nas edificações. De um lado, construções de casas miúdas e prédios de pouca altura formam o lado mais antigo da cidade; do outro lado, edifícios altos dão o tom da parte mais nova de Salvador. Claro que essas diferenças entre lados não se restringem só a arquitetura e o tempo de sua existência, estão intrinsecamente ligadas aos contrates sociais da capital baiana – aí é preciso saber “de que lado você samba, você samba de que lado?”.

A cidade de São Salvador ainda tem ares bem provincianos, em comparação com outras capitais com semelhante grau de importância. Talvez seja esse o charme de Salvador: não é grande, mas também não é pequena. È uma cidade em desenvolvimento, que ainda mantém “uma cara de interior” em alguns pontos, como é o caso do subúrbio que é uma cidade dentro da cidade.

De Tomé de Souza aos tempos atuais essa cidade foi palco de revoluções sociais e culturais, que fez dela um lugar que si diferencia e ao mesmo tempo si une com os demais cantos do Brasil. Sua gente si mistura com seus diversos tons de marrom, vermelho e amarelo fazendo disso aqui um verdadeiro caleidoscópio.

FELIZ ANIVERSÁRIO SALVADOR.

Há um vilarejo ali

Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão

Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá

Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real

Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa

Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar

Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção

Tem um verdadeiro amor
Para quando você for

sexta-feira, 21 de março de 2008

Páscoa

Desenho: Everson Barbosa
A Páscoa normalmente é tratada como um feriado com um apelo comercial muito grande. É ovo de chocolate a preço de ouro, é bacalhau pela hora da morte, é colomba se achando águia... enfim é tudo caro, é tudo comercial e o verdadeiro sentido da Páscoa não é lembrado, não entra na pauta do feriado, apesar das exibições cansativas de filmes sobre a paixão de Cristo nos canais de TV. Para muitos o significado da Páscoa é desconhecido e motivo de confusão com o Natal, já que o personagem principal é o mesmo. E entre aqueles que sabem o significado, poucos refletem sobre tema e também não são obrigados a refletir sobre. Até por que todos aqueles sentimentos que estão atrelados a esta data, não podem ser pensados exclusivamente na Páscoa e nas demais festas de cunho religioso cristão, mas sim nas nossas ações diárias.
Coelho, chocolate, peixe, pão em forma de passáro, vinho... muitos simbolos e pouco significado.

Páscoa - Fábula das três árvores

Era uma vez, no topo de uma montanha, três arvorezinhas que estavam juntas e sonhavam sobre o que chegariam a ser quando crescessem. A primeira arvorezinha olhou para as estrelas e disse: "Eu quero guardar tesouros, quero estar repleta de ouro e pedras preciosas. Serei o baú de tesouros mais bonito do mundo". A segunda arvorezinha olhou para um pequeno arroio realizando seu caminho rumo ao mar, e disse: "Eu quero viajar por águas temíveis e levar reis poderosos sobre mim. Serei o barco mais importante do mundo". A terceira arvorezinha olhou para o vale que estava abaixo da montanha e viu homens e mulheres trabalhando em um povoado: "Eu não quero sair nunca de cima da montanha. Quero crescer tão alto que quando os habitantes do povoado pararem para me contemplar, eles levantarão seu olhar para o céu e pensarão em Deus. Serei a árvore mais alta do mundo".
Os anos se passaram. Choveu, brilhou o sol, e as três arvorezinhas ficaram grandes. Um dia, três lenhadores subiram ao topo da montanha. O primeiro lenhador olhou para a primeira árvore e disse: "Que árvore bonita!", e com uma machadada a primeira árvore caiu. "Agora me transformarão em um baú bonito, que deverá conter tesouros maravilhosos", disse a primeira árvore. O segundo lenhador olhou para a segunda árvore e disse: "Esta árvore é bem forte, é perfeita para mim. E com uma machadada, a segunda árvore caiu. Agora deverei navegar por águas temíveis", pensou a segunda árvore. "Serei um barco importante, para reis temidos e poderosos". A terceira árvore sentiu seu coração sofrer quando o último lenhador olhou para ela. A árvore se manteve firme e alta e apontando ferozmente para o céu. Mas o lenhador nem sequer olhou para cima, e disse: "Qualquer árvore é boa para mim". E com uma machadada, a terceira árvore caiu.
A primeira árvore se emocionou quando o lenhador a levou para uma carpintaria, mas o carpinteiro a transformou em um cocho para animais. Aquela árvore bonita não foi recoberta com ouro, nem foi ocupada por tesouros, mas foi coberta com serragem e preenchida com comida para animais. A segunda árvore sorriu quando o lenhador a levou para perto de um porto, mas nenhum barco imponente foi construído nesse dia. Em vez disso, aquela árvore forte foi cortada e transformada em um simples barco de pesca; como este barco era muito pequeno e fraco para navegar no oceano, e até mesmo em um rio; então foi levado a um lago. A terceira árvore ficou atônita quando o lenhador a cortou para fazer vigas fortes e a abandonou em um armazém de madeira. "Que será que está acontecendo", foi o que a árvore se perguntou, "Tudo o que eu queria era ficar no topo da montanha, apontando para Deus..."
Muitos dias e noites se passaram. As três árvores quase não se lembravam mais dos seus sonhos. Mas uma noite, uma luz de estrela dourada iluminou a primeira árvore quando uma jovem mulher colocou seu filho recém-nascido naquele lugar onde colocavam comida para os animais. "Eu queria ter feito um berço para o bebe", disse o esposo a sua mulher. A mãe aperta a mão do seu esposo e sorri, enquanto a luz da estrela resplandecia sobre a madeira suave mas robusta do berço improvisado. E a mulher disse: "Esta manjedoura é bonita" e, de repente, a primeira árvore soube que continha o maior tesouro do mundo.
Uma tarde, um viajante cansado e seus amigos subiram ao velho barco de pesca. O viajante dormia enquanto a segunda árvore viajava tranqüilamente pelo lago. De repente, uma aterrorizante tormenta atingiu o lago, e a árvore se encheu de medo. Ela sabia que não teria forças para levar todos aqueles passageiros até a margem a salvo com todo aquele vento e chuva. O homem cansado se levanta e, com um gesto, diz: "Acalme-se!" A tormenta parou tão rápido quanto começou. De repente a segunda árvore soube que estava levando o Rei do céu e da terra.
Numa quinta-feira de manhã, a terceira árvore acha estranho quando suas vigas foram retiradas daquele armazém de madeira esquecido. Assustou-se ao ser levada por entre uma grande multidão de pessoas revoltadas. Encheu-se de temor quando uns soldados cravaram as mãos de um homem no seu tronco. Sentiu-se feia, rude e cruel. Mas, no domingo de manhã, quando o sol brilhou e a terra tremeu com júbilo sob o seu tronco, a terceira árvore soube que o amor de Deus havia mudado tudo. Isso fez com que ela se sentisse forte, pois cada vez que as pessoas pensassem na terceira árvore, pensariam em Deus. Isso era muito melhor do que ser a árvore mais alta do mundo.

"Não importa o tamanho do seu sonho. Acreditando nele, sua vida ficará mais bonita e muito melhor para ser vivida."

segunda-feira, 17 de março de 2008

Lenine na Concha

Simplesmente alucinante, foi o show desse poeta contemporâneo na Concha Acústica. Lenine, cabra arretado vindo direto da terra do Leão do Norte, fez a Concha tremer na última sexta... foi muito massa, apesar do calor próprio do verão de Salvador. Eu e jujubita derretemos na plateia, mas o cabra tava ali no palco, tão pertinho fazendo um super show FREE. Foi perfeito. Dentre tantas músicas que eu adoro, ai vai uma que eu acho muito envolvente e a bateria nessa música me deixa em estado de êxtase. É uma p... música:

A curiosidade de saber
O que me prende?
O que me paralisa?
Serão dois olhos
Negros como os teus
Que me farão cruzar a divisa...

É como se eu fosse pr'um Vietnã
Lutar por algo que não será meu
A curiosidade de saber
Quem é você?...

Dois olhos negros!
Dois olhos negros!...

Queria ter coragem de te falar
Mas qual seria o idioma?
Congelado em meu próprio frio
Um pobre coração em chamas...

É como se eu fosse um colegial
Diante da equação
O quadro, o giz
A curiosidade do aprendiz
Diante de você...

Dois olhos negros!
Dois olhos negros!...

O ocultismo, o vampirismo
O voodoo
O ritual, a dança da chuva
A ponta do alfinete, o corpo
Os vários olhos da Medusa...

É como se estivéssemos ali
Durante os séculos fazendo amor
É como se a vida terminasse ali
No fim do corredor...

Dois olhos negros!
Dois olhos negros!
Dois olhos negros!
Dois olhos negros!...

quarta-feira, 12 de março de 2008

Gandhi – O homem X O mito

Conhecer a biografia de Gandhi é, ao mesmo tempo, entender o processo de descolonização da Índia. É uma história marcada por lutas, religiosidade, política, preconceito, intolerância e filosofia de vida.
Visto como um mito religioso, Mahatma Gandhi era acima de tudo um homem que buscava o auto-conhecimento, o auto-controle e entendia que sua missão era lutar por uma Índia (ou por que não dizer um mundo) mais justa, solidária e pacífica. E para isso não usava da força bruta, fundamentava suas ações nos princípios do Satyagraha (firmeza na verdade) para combater o regime imperialista britânico, de forma não-violenta. Com sua voz miúda, Gandhi conseguia mobilizar multidões pregando a não-violência.
O cenário inicial foi a África do Sul, onde como advogado, enfrentou a arrogância racista e defendeu os interesses dos indianos que moravam neste país. A viagem à África do Sul não tinha grandes objetivos. Gandhi – recém formado – foi enviado para ajudar juristas locais a redigirem uma ação judicial, mas o preconceito racial elevado ao extremo alimentou o seu desejo de justiça e a gota d’água ocorreu quando ele foi espancado sem motivos.
Vejo a figura de Gandhi com algo emblemático, seus movimentos fundiram religião e política num mesmo emaranhado. A primeira era o meio usado para disseminar os valores normalmente pregados pela segunda. Sempre preocupado com o amor entre as pessoas, flagelou seu corpo várias vezes com longos jejuns no intuito de aumentar sua percepção e sensibilizar o povo quando a situação era de conflito.
A prisão foi sua morada por vários momentos, mas isso nem de perto atingiu sua influência, pelo contrário isso só aumentava o amor e admiração que o povo tinha por Bapu (pai). Usava esses momentos com muita dignidade, humildade e sabedoria. Sempre com sua roca de fiar, Mahatma passava horas fazendo tecido; escrevia cartas, artigos, respondia as correspondências; e meditava por longas horas.
Gandhi foi um sábio líder pacifista, com grande amor à humanidade que lutou contra o gigante império britânico e o falso progresso da civilização moderna baseada no lucro. Uma luta travada com diplomacia e não-violência da sua parte. Mas apesar de conseguir mobilizar multidões a resistir pacificamente, isso nem sempre era possível.
A partir da biografia de Mahatma Gandhi, vejo-o como um grande homem que buscou sua evolução e da humanidade também, mas isso não exclui o homem Mohandas Karamchand Gandhi com suas dificuldades nas relações familiares e sua intolerância em alguns casos. Foi um homem consciente dos seus erros e da sua missão.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Ponta do Humaitá



Numa empreitada alucinante de viajar na cidade de origem e relacionar com outros cantinhos do mundo, comecei a visualizar tão belas imagens que de repente tudo ficou mais colorido. Visitar a Ponta do Humaitá é programa obrigatório para quem mora ou está de passagem por Salvador-Ba. Assistir o pôr-do-sol ali é concordar, que independente da miséria humana, viver ainda vale muito a pena. E para tornar a vida mais colorida não é preciso muito dinheiro para comprar as tintas para colorir esta tela chamada vida. Porque a natureza nos oferece cores tão belas... tão vivas... tão singulares... só precisamos prestar atenção nessas paisagens paradisíacas e cuidar para que tantos outros, no futuro, possam desfrutar dessa mistura de cores e sensações.
A Ponta do Humaitá tem o charme da Cidade Baixa, o aconchego dos lugares simples e esplendorosos. Viver Salvador é uma doce aventura. Eu adoro esse canto do mundo.
P.S. A foto acima é de minha autoria
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